sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cantiga da Ribeirinha



No mundo non
me sei parelha,
Mentre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desd'aquel'di, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D'haver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, d'alfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia d'ua correa.



Paio Soares de Taveirós (ou Taveirós) foi um trovador da primeira metade do século XXI, de origem da pequena nobreza galega.
Foi o autor da célebre Cantiga da garvaia, durante muito tempo considerada a primeira obra poética em língua galaico-portuguesa. É uma cantiga de amor plena de ironia, e por isso actualmente considerada por diversos autores como uma cantiga satírica. Mesmo perdendo o seu estatuto de mais antiga cantiga conhecida, em favor de uma outra do trovador João Soares de Pávia, continua no entanto a desafiar a imaginação dos críticos, ainda em desacordo quanto ao seu real sentido, e nomeadamente no que diz respeito à personagem a quem é dirigida: uma filha de D. Pai Moniz, por muito tempo identificada como D. Maria Pais Ribeiro, a célebre Ribeirinha, amante do rei português D. Sancho I. A constatação da existência, na época, de várias personalidades chamadas Pai Moniz, ou Paio Moniz, bem como a origem galega de Paio Soares, parecem, no entanto, contrariar esta hipótese, hoje muito discutível.








Nenhum comentário:

Postar um comentário